quarta-feira, outubro 24, 2007



O GATO DE JEREMY BENTHAM


O filósofo inglês Jeremy Benthan (1748 - 1832) não só acreditava fervorosamente na ética utilitária, como também foi o seu principal defensor. Neste texto, o seu amigo Jonh Bowring descreve um dos animais de estimação favoritos de Bentham.


Bentham gostava muito de animais, especialmente dos «bichaninhos», como ele lhes chamava, que possuíam virtudes domésticas, mas não nutria qualquer simpatia pelos gatos comuns. Tinha um, contudo, do qual se gabava de ter «transformado em homem» e ao qual costumava convidar para comer macarrão à mesa com ele. O bichano foi nomeaod cavaleiro, gozando do título de Sir Jonh Langbourne. Nos seus dias de juventude era um cavalheiro travesso, irreflectido e, na verdade, algo libertino; tinha, de acordo com o relato do seu patrono, o hébito de seduzir damas frívolas e tontas, da sua própria raça, nos jardins de Queen's Square Place: mas cansou - se, por fim, tal como Salomão, de prazeres e vaidadds, tornando - se tranquilo e meditativo - dedicou - se à Igreja, abdicou do seu título de Cavaleiro, passando a Reverendo Jonh Langbourne. Foi adquirindo, gradualmente, uma grande reputação pela sua santidade e sabedoria, pelo que lhe foi conferido o título de Doutor. Quando o conheci, já em dias de declínio, dava simplesmente pelo nome de Reverendo Doutor Jonh Langbourne: e era igualmente conspícuo pela sua circunspecção e filosofia. Sua reverência era tratada, invariavelmente, com muito respeito: e supunha - se que não tardaria a receber uma mitra quando a velhice se interpôs entre ele e os seus sonhos. Partiu por entre o pesar dos seus muitos amigos, juntando - se aos seus antepassados no descanso eterno de um cemitério no jardim de Milton.


Jonh Bowring y Foto de Ángel Durán

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